sábado, 2 de julho de 2011

Depois dos sonhos

Dedico esta ecfrase à Vera Lucia
cujo olhar carrega junto o meu assim tão longe...


Uma enorme pedra de aparência muito áspera, com crateras a serem exploradas, adverte quem a deseja escalar, que é difícil atingir o seu cume, mesmo sequer vê-lo. Sua face iluminada expõe pontos de muito esforço a serem percorridos na subida. No lado sombra, como na face desconhecida, não visível da lua, passos incertos poderão tatear na escuridão. Na busca do topo uma jornada íngreme e tortuosa. No fim da procura quase impossível, um castelo de pedras, as mesmas pedras monocromáticas, duras e penosas do caminho.

Inacreditavelmente, a grande massa paira sobre o oceano. Ondas de espuma formam um tapete branco capaz de amortizar uma possível queda. No horizonte as águas encontram o céu azul quebrado por porções de algodão, as nuvens carneirinhos tão sugestivas da infância. Uma densidade incomensurável é visível naquele corpo. No entanto, como um mistério a ser desvendado, um enigma, ele plana como um balão. A grande pedra abaulada repousa sobre o ar. Há que se distanciar, olhar de fora e se surpreender com a possibilidade de elevar coisas tão pesadas.


O Castelo dos Pireneus - Rene Magritte
 
Ver nota sobre ecfrase no post abaixo.