terça-feira, 30 de outubro de 2018

Soulcollage 1 - Fortaleza


Soulcollage - construindo um oráculo - cartas a partir de colagens de imagens. A minha carta, uma vez pronta,  sempre vai me dizer algo; uma visão do inconsciente.




Eu sou alguém que...


  • Olho pra minhas raízes.
  • Tenho uma fortaleza.
  • Corro como um menino.
  • Passo por tantas portas, bonitas, se fechadas. Posso tentar abri-las, mas talvez elas sejam mais bonitas fechadas do que abertas.
  • Fica sobre a pedra e olha o horizonte em busca do alimento.
  • Tem muito alimento a sua frente.
  • Tem mesa farta
  • Tem um potencial de sonhos.
  • Precisa explorar cidades e florestas.
I'm someone who...
  • look to my roots.
  • have a fortress.
  • run like a boy.
  • walk past so many beautiful and closed doors. I can try to open them, but maybe they are more beautiful close than open.
  • stay on the rock and look at the horizon in search of food.
  • have much food in front of myself.
  • have a full table.
  • have a potential of dreams.
  • need to explore cities and forests.


Porque também sou assim, como ela, um pouco perfeccionista, posso apropriar-me do que ela disse:

"Faço tudo bem feito porque isso me traz a consciência de que eu fiz  o melhor que pude e isso me eleva o espírito."   Cora Coralina

"I do everything well done because this brings me the consciousness that I make the best what I could and this raise my spirit."  Cora Coralina

sábado, 2 de julho de 2011

Depois dos sonhos

Dedico esta ecfrase à Vera Lucia
cujo olhar carrega junto o meu assim tão longe...


Uma enorme pedra de aparência muito áspera, com crateras a serem exploradas, adverte quem a deseja escalar, que é difícil atingir o seu cume, mesmo sequer vê-lo. Sua face iluminada expõe pontos de muito esforço a serem percorridos na subida. No lado sombra, como na face desconhecida, não visível da lua, passos incertos poderão tatear na escuridão. Na busca do topo uma jornada íngreme e tortuosa. No fim da procura quase impossível, um castelo de pedras, as mesmas pedras monocromáticas, duras e penosas do caminho.

Inacreditavelmente, a grande massa paira sobre o oceano. Ondas de espuma formam um tapete branco capaz de amortizar uma possível queda. No horizonte as águas encontram o céu azul quebrado por porções de algodão, as nuvens carneirinhos tão sugestivas da infância. Uma densidade incomensurável é visível naquele corpo. No entanto, como um mistério a ser desvendado, um enigma, ele plana como um balão. A grande pedra abaulada repousa sobre o ar. Há que se distanciar, olhar de fora e se surpreender com a possibilidade de elevar coisas tão pesadas.


O Castelo dos Pireneus - Rene Magritte
 
Ver nota sobre ecfrase no post abaixo.

sábado, 18 de junho de 2011

Insurreição


Dedico esta ecfrase aos meus amigos do Facebook
(amigos não apenas desta natureza, mas além )
que me fazem ouvir por horas a fio
Mahler, Mozart, Shubert, Brahms, Bach e muitos outros.


Ele está pronto para começar seu trabalho. Com a paleta de tintas em uma das mãos e o pincel na outra, parece disposto para colocar os primeiros traços de tinta na tela, ou talvez, para continuar algo que já tenha tomado corpo após dias e dias de esforço. No entanto, o seu olhar perdido no vazio à frente, denuncia que ainda falta alguma coisa. É possível que os modelos ainda não tenham chegado para que comece a pintar. Mas na sala já há pessoas, modelos em potencial para uma obra de tal porte. Sim, a tela é enorme. Nela é possível caber a representação de quase todo um reino.

Alheia ao pintor, a menina com ares de princesa ajeita seu vestido de seda com volumoso saiote. Está radiante. Irá refrescar-se em breve, degustando o saboroso suco oferecido por sua gentil ama. Outra serviçal, um pouco mais atrás, faz uma ligeira genuflexão. Ela deve se render às graças da menina, ainda que apenas por questões hierárquicas. À sua frente, uma anã, com vestido simples indicando sua condição inferior, sonha que pode tomar parte da próxima cena. Com ela uma garotinha, a menor de todas, faz carícias com um de seus pés em um cachorro, provavelmente um animal errante acolhido por ingenuidade do amor infantil. Atrás desse grupo há uma freira. Aparentemente, ela conversa com outra mulher, serviçal da família. É bem possível que esteja reclamando para a tal empregada o fato de ter que posar junto com a família para a pintura do retrato: uma freira não deve se curvar à luxúria e às aparências! Ou talvez apenas se justificasse perante seu ato, afinal, como poderia recusar tamanha honra de convite sendo a família de suma importância? Só faria elevar ainda mais a posição da Igreja na sociedade! Sabendo o que sei, fico com a segunda hipótese e volto ao pintor.

Elegantemente trajado, ele tem uma insígnia em forma de cruz no peito, certamente uma condecoração real. Não obstante seu traço ser belo e perfeitamente respeitoso a todos que retrata, seu espírito aristocrático vem de encontro ao que buscam seus mais nobres retratados: a soberba individualidade. Seus serviços prestados à corte decerto lhe permitiram chegar ao patamar supremo de figura respeitável e invejável entre os artistas. Em seu ateliê, de austera decoração, obviamente há quadros pendurados na parede. Todos seus. Entre eles, algumas cópias de grandes mestres inspiradores.

Um foco de luz se destaca na parede. É um espelho que reflete duas pessoas indistintas. Mas para o pintor não, elas são bem definidas porque ele as vê de frente, estão chegando. É evidente que já é hora de começar o trabalho. Em suas mãos possui todo o material necessário. No entanto, inexplicavelmente, ele se detém ainda por alguns instantes e olha demoradamente para cada pessoa que está ali, naquela sala, como se elas fossem personagens de uma importante história. Um pensamento estranho toma conta de sua mente. Uma nuvem cinzenta, massa perturbadora da qual nasce um desejo. O mais subversivo dos desejos. Numa total insanidade ele declara, em alto e bom som, que todos os presentes farão parte do retrato, inclusive ele e o cão vagabundo.

Não sei o que aconteceu depois disto. Suspeitando uma confusão e vendo ao fundo uma porta aberta saí correndo. Até atropelei um homem que descia as escadas. Ufa, os jardins do Prado!


As Meninas - Diego Velázquez, 1656
Museu do Prado (Madrid)


Nota: Para fazer jus ao nome deste blog devo explicar que esta ecfrase foi escrita numa Oficina de Literatura e Arte - relações entre imagem e palavra com a escritora Verônica Stigger. A ecfrase é uma representação verbal a partir de uma representação visual. Descrever este quadro com um certo devaneio foi um exercício prazeroso e muito interessante para mim. Foi uma aventura literária na qual aprendi um pouquinho mais sobre a arte da palavra. Ah, porque dediquei aos meus meus amigos do FB... Bem, durante este processo foi inspirador ouvir aqueles compositores que lotam suas páginas de perfil por lá!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Quase um stop motion

Foi o que montei com as fotos que tirei na última viagem para Itanhaém. Um Stop Motion, que pode ser traduzido como “movimento parado”, é uma técnica que utiliza uma seqüência de fotografias diferentes de um mesmo objeto inanimado para simular o seu movimento. Estas fotografias são chamadas de quadros e normalmente são tiradas de um mesmo ponto, com o objeto sofrendo uma leve mudança de lugar, para dar a ideia de movimento.

Do ponto de vista científico, o Stop Motion é compreendido como uma movimentação pelo fenômeno da Persistência Retiniana.  Ele provoca a ilusão no cérebro humano de que alguma coisa se move continuamente quando em um segundo passam mais de 12 quadros (fotos ou desenhos). Na verdade, o movimento desta técnica cinematográfica nada mais é que uma ilusão de ótica. Ela é usada tanto em desenhos animados quanto em filmes com atores reais.

Já fiz alguns stop motions com desenhos (toscos) e fotos, mas queria muito pegar o nascer e o pôr do sol para fazer um. Assim aconteceu no dia 24 de janeiro deste ano. Acordei bem cedinho (coisa rara atualmente), às 6 horas, olhei pela janela e vi o céu cor-de-rosa. Disse comigo mesma, é hoje! Sim, há muito tempo estou esperando para ver o sol subindo no horizonte do mar. Embora sempre fique alguns dias na praia, a maioria deles tem amanhecido nublado.

Peguei correndo meus apetrechos, câmera, tripé, relógio, óculos, óculos de sol, boné e lá fui correndo. Montei o meu tripé, posicionei a câmera e fui clicando em intervalos razoavelmente regulares. Isto porque mesmo com a praia quase deserta a gente ainda se distrai. É um bicho que voa, outro que se aproxima da água, um pescador que lança a linha ao mar. Com estes movimentos, a onda indo e vindo e o céu mudando de cor rapidamente a gente até esquece de marcar o tempo. Para o filme de animação o tempo não é importante, mas sim o movimento do objeto. No entanto em se tratando de um movimento do sol é difícil identificar exatamente o quanto ele se deslocou (na verdade a terra) rss. Então pensei em manter um intervalo fixo entre os clicks, mas não consegui.

Bem, fiquei clicando cerca de uma hora uma seqüência de fotos. Comecei às 6:25:07 e fui até às 7:25:38 para registrar a subida do sol. Foram 107 fotos. Isto foi muito pouco para um verdadeiro stop motion. Outro ponto não atingido foi o número de quadros por segundo, que foi de um, mas deveria ter sido pelo menos 15. Desta maneira meu stop motion está meio lento, sem falar no movimento do mar não sequenciado, uma vez que o grande intervalo entre as fotos impossibilitou uma sincronização.

Apesar disso foi demais ver este amanhecer e tirar estas fotos.




sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Bienal

Ontem visitei a 29ª Bienal de São Paulo, no Ibirapuera. Um privilégio para os professores visitá-la antes mesmo da abertura ao público, que se dará no dia 25 de setembro. Confesso que fui com uma expectativa baixa pelo fato de estar saturada nos últimos tempos da "política", tema do evento e também de estar cansada de andar horas por grandes espaços expositivos.

Mas a arte, ah, a arte, sempre supreende, provoca, invade nossos espaços sensoriais. Ela vai reinventando velhos temas, foge dos limites, é um grande mar, sempre imprevisível do que vai trazer em suas ondas.

Andei pelos pavilhões da Bienal com muito prazer, claro que foi um mar de diferentes sensações, mas no resumo gostei das obras, fotografei algumas. Mérito para esta bienal: é permitido fotografar! Ufa, finalmente eles fazem o que pregam: LIBERDADE! Claro que pedem para não usar o flash, o que concordo plenamente, pois além de não afetar os materiais, o mais interessante é utilizar a iluminação da própria peça ou instalação.

Em termos de liberdade de expressão, talvez a obra mais polêmica da mostra seja a do artista Gil Vicente, quem tive a sorte de encontrar lá e gentilmente posou para fotos do batalhão de professores que o rodearam.

Sua série de autoretratos matando personalidades conhecidas do mundo institucionalizado me passou uma sensação um tanto ambígua. Por um lado uma profunda desilusão do cidadão (representado pelo próprio artista) com esse mundo e descrença em qualquer mudança através de seus líderes. Por outro, no rosto dos pretensos assassinados, uma reação como se fosse uma resposta ao cidadão, variando de uma personalidade a outra, desde a completa insensibilidade da Rainha Elizabeth II à dor de Lula.

É certo também que essa obra levantou uma questão entre os professores de qual seria a leitura dos alunos e como dialogar com ela para ampliar o conhecimento, a percepção de mundo, a consciência. O tempo foi muito escasso para qualquer debate. Sendo assim, cada um seguiu em frente com essa forte provocação feita pelo artista.

Visite a Bienal, vale a pena, de 25 de setembro a 12 de dezembro, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.



sábado, 28 de agosto de 2010

Twittosfera

"Só podemos realmente ter opiniões imparciais, quando se trata de coisas que não nos interessam. "
Oscar Wilde

Cáustico, como sempre!

Peguei esta frase no Twitter de um entre os tantos e tantos que sigo por lá. E como se pode entender este pensamento frequentando a twittosfera, onde o interesse momentâneo de cada um vai aparecendo e nos carregando para os interesses mais profundos deles, se for do nosso interesse, é claro.

Eu confesso que não sou fã incondicional do Twiter, só apareço lá de vez em quando, embora reconheço que é bem legal saber das coisas por lá, algo pessoal, quase uma fofoquinha, e também aquilo do seu interesse pessoal, cultural, esportivo, de lazer, político, enfim, o caminho que você mais gostar.

Como ultimamente tenho saído mais à imagem do que às palavras não vou ficar discorrendo aqui mais sobre este tema, mas apenas mostrar a minha caneca com a bebida anestesiante de dia sim, dia outro, que enfio goela abaixo.

As carinhas abaixo são daqueles que estou "following" no Twitter.



Você pode fazer sua caneca aqui
 conforme dica da Re, minha amiga, no Buzz, do gmail.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Lua de São Manuel

Um amigo do site de fotografias escreveu sob uma das imagens que fiz da lua: "We are all under the same moon, nice to know..:)". Esse comentário me fez lembrar de minha filha quando pequenininha. Por serem tão puras e falarem o que realmente sentem, as crianças nos proporcionam momentos de intenso prazer como este que passei com a Nathalia certa vez em que estava assistindo TV. Me lembro que era o mes de julho e o programa "Globo Repórter" estava fazendo uma comemoração da chegada do homem à lua. Eu gosto muito deste tipo de programa e estava muito interessada em assistir pela milionésima vez a pisada de Armstrong na lua. Então, chamei com insistência a atenção da Nath: "Nathalia, venha ver, venha ver, o homem pisando na lua, o homem foi na lua..." Ao que ela respondeu, "mamãe, mas em que lua que ele foi, na de São Paulo ou na de São Manuel?" Naquele momento perdi totalmente o interesse pelo homem na lua e passei a desfrutar intensamente daquela ingênua pergunta como algo único no universo infantil.

Então, tantos anos depois (talvez 15,16) mostro aqui a lua de São Manuel. Para você Nathalia!


Lua vista de São Manuel, uma pequena cidade no interior do estado de São Paulo onde eu nasci, no dia 17 de julho de 2010, às 18:04.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Solstício de inverno


Foi hoje, às 8:28 h. A palavra solstício vem do latim sol (Sol), e sistere (que não se move). O solstício de inverno ocorre "quando o sol atinge a maior distância angular em relação ao plano que passa pela linha do equador." Isso marca o início do inverno no hemisfério sul e o dia mais curto do ano.

Hoje a noite chegou mais cedo. Esta foto tirei à tardinha, exatamente às 17:13:33 h, da cobertura do prédio.

Veja mais fotos:

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Novo brinquedo


Uauuuu, finalmente comprei o que estava querendo há um tempão - um tripé. Se é coisa de fotógrafo profissional? Pode até ser, mas depois que fiz um workshop com o Marcos Camargo, um fotógrafo incrível de cinema, e aprendi a fazer stopmotion, senti ainda mais vontade de comprar um.
Já tive minha experiência com animações em desenho, a qual gostei muito. Mas com foto, como no último workshop, foi a primeira vez, e muito divertido. Stopmotion é uma sequência muito rápida de fotos que mostra o movimento, na verdade o princípio do cinema. Adoraria fazer uma série dessas com o nascer e pôr-do-sol. Agora tenho o meu tripé e posso fazer. Só falta ir pra praia, pois em São Paulo... bem, talvez no Ibirapuera, mas o sundown ficará comprometido com os prédios!

Olha ele aí:

Meu stopmotion: sem tripé

- foram 325 fotos e eu utilizei a grade da varanda como suporte para a câmera.

sábado, 29 de maio de 2010

Part of me

.
Gostei deste título. Roubei de uma música muito legal de um grupo argentino do qual assisti um espetáculo inédito inspirado na obra mágica de Jorge Luis Borges. Foram feitas a leitura e interpretação musical de poemas e textos em prosa. Ao final da apresentação comprei o CD, muito lindo, do qual roubei uma das músicas para o meu video. Este, resultante de minhas caminhadas pela praia com a câmera na mão, ganhou um perfeito brilho ao som daquele tango. Escolhi um dos poemas de Borges, sintonia perfeita para este momento.



O espelho a minha frente é coisa muda,
Mas de sua mudez ele me fala:
...
A imagem alheia do outro lado
Me contempla longínqua e interrogante,

Parte de mim, em mim multiplicada,
E posta fora do que sou, textura

De outra pessoa, de outro sonho e forma
(No largo sono de um deus tranqüilo,

A voz se cala e deixa que o cristal

A memória de um vago ser recrie)

Ilusória assim como qualquer cifra.

Existimos, inúteis, refletidos.

Um teatro de sombras, sigiloso:

O que somos, em nosso alto crepúsculo.
*
Jorge Luis Borges
*
*